O que mais me pega nesses habitantes da coitadolândia é a enorme falta de respeito com quem está trabalhando duro há X anos.
Foi relativamente comum, quando cometi meu primeiro livro, pessoas (de dentro e fora da literatura) chegarem sem nenhum tato perguntando "e como é que você fez pra publicar?", mas num tom bem bosta de "se você fez, é só eu querer que faço igual" ou "me mostra sua fórmula que eu quero copiar e ter também um livro (que eu nem escrevi) publicado", ignorando completamente que o único jeito era ler pra cacete, escrever, reescrever, estudar o mercado editorial, entender quais os caminhos para enviar um original, estreitar laços, fazer algumas danças importantes, consolidar minimamente um currículo, ter um livro minimamente bom.
Nos anos seguintes, o mesmo mantra seguiu: "mas como é que você faz pra vender livro?", "como é que você chega no leitor?", "mas como você deu curso em tal lugar?", "mas como você conseguiu ser resenhado no jornal?". Trabalhando, caralho. Há 15 anos. Só que essa é a resposta que a pessoa não quer escutar, assim como quem que deseja mudar de corpo e não quer ouvir "mexi na alimentação e fiz exercícios". A galera delulu acha que a única coisa que falta pra ela é "ser descoberta". Sorte nossa é que poucos serão mesmo.
Nossa, sim! Perfeito seu comentário, a galera quer receber os louros sem fazer o trabalho que isso exige.
Isso que você falou do trampo que dá pesquisar editoras, fazer contatos, estudar o mercado, a maioria dos “novos escritores” não sabe que tem que ser feito. Não param pra pensar, e se pensam, já descartam a tarefa porque “dá muito trabalho”.
Pois é, amiguinho, não é só sentar e escrever qualquer coisa.
tenho muita preguiça dessas pessoas que querem seguidores a todo custo, como se um número alto deles fosse a métrica mais relevante do universo. de que adianta tem 100 mil inscritos e ninguém ler o conteúdo, não comentar, não formar uma comunidade? o mais legal desse espaço, para mim, é a possibilidade não só de ler, mas de poder comentar, trocar impressões sobre os textos. likes vazios não dizem nada…
Exaaatamnete. Aqui a gente tá resgatando mais os áureos tempos dos blogs em que o que contava era a conversa que o post gerava. Fora que a galera ignora também que a maioria vai ler e nem comentar, apenas ficar pensando no conteúdo. Não dá pra metrificar o impacto total da coisa. Mas a galera ainda quer os números crescendo como se isso fosse algum indicativo de aprovação.
Enquanto eu lia, pensava "o urso do Pica-Pau vai aparecer, o urso do Pica-Pau vai aparecer", e meu sorriso explodiu quando eu finalmente vi ele ali no meio hahahahahahhaa. Todo dia eu me pergunto: "se não houvesse leitores, eu escreveria mesmo assim?". A resposta positiva, até o momento, é o que me mantém vivo. Texto excelente, concordo com cada linha.
Gostei muito do texto! Tenho a impressão de que todo mundo é “criador de conteúdo” hoje, alguns são mais conhecidos que os outros, mas acaba que todos querem um pedacinho da atenção do outro. O problema é que não existe tempo hábil pra todo mundo dar atenção pra todo mundo, como você mesma disse. Não dá pra alimentar a ilusão de que todo mundo vai ser considerado interessante, querido, assistido/ouvido…
Eu adoraria conseguir acompanhar as pessoas que eu sigo e nem elas eu consigo acompanhar, afinal, a vida continua acontecendo, não dá pra viver de ver conteúdo dos outros… enfim.
Me perdi um pouco no que eu estava dizendo, mas reitero: muito bom o texto!
Eu tô com sorte pq não tenho passado por esses posts dos coitadinhos sem assinantes. E olha que ando meio viciada aqui no notes (socorro). Só soube da reclamação por conta do texto da Sinay. Até então só via a galera dizer que era um alívio não ter que se preocupar com números. Pelo jeito o jogo virou.
Boa, Taize. Gosto de ler newsletters. Descubro gente e coisas legais, mas estou ficando aborrecido em descobrir histórias sem qualquer interesse para ninguém além do coitado/a que escreve sobre suas tristezas e draminhas como se fossem únicos no mundo. Tenho as minhas e preciso cuidar delas em tempo integral, e não serão likes que acabarão com elas. Essa pressa está nos matando e o excesso de informação inútil só nos afasta do que interessa. Não gosto de cancelar recebimentos, mas é muitas vezes é preciso. O que não é o seu caso!
Tem mais um tipo de choro chato que me aparece muito. É de quem decide ter um filho e depois reclama de como é difícil escrever e ter uma carreira tendo que, ao mesmo tempo, cuidar de um bebê. A pessoa passa um ano se queixando de que não consegue se concentrar, não consegue mais dormir, que não consegue participar de feiras literárias e pinta o inferno que a vida se tornou. A gente quase fica com pena, mas aí a pessoa anuncia que teve outro filho e recomeça o choro tudo de novo.
O que mais me pega nesses habitantes da coitadolândia é a enorme falta de respeito com quem está trabalhando duro há X anos.
Foi relativamente comum, quando cometi meu primeiro livro, pessoas (de dentro e fora da literatura) chegarem sem nenhum tato perguntando "e como é que você fez pra publicar?", mas num tom bem bosta de "se você fez, é só eu querer que faço igual" ou "me mostra sua fórmula que eu quero copiar e ter também um livro (que eu nem escrevi) publicado", ignorando completamente que o único jeito era ler pra cacete, escrever, reescrever, estudar o mercado editorial, entender quais os caminhos para enviar um original, estreitar laços, fazer algumas danças importantes, consolidar minimamente um currículo, ter um livro minimamente bom.
Nos anos seguintes, o mesmo mantra seguiu: "mas como é que você faz pra vender livro?", "como é que você chega no leitor?", "mas como você deu curso em tal lugar?", "mas como você conseguiu ser resenhado no jornal?". Trabalhando, caralho. Há 15 anos. Só que essa é a resposta que a pessoa não quer escutar, assim como quem que deseja mudar de corpo e não quer ouvir "mexi na alimentação e fiz exercícios". A galera delulu acha que a única coisa que falta pra ela é "ser descoberta". Sorte nossa é que poucos serão mesmo.
Nossa, sim! Perfeito seu comentário, a galera quer receber os louros sem fazer o trabalho que isso exige.
Isso que você falou do trampo que dá pesquisar editoras, fazer contatos, estudar o mercado, a maioria dos “novos escritores” não sabe que tem que ser feito. Não param pra pensar, e se pensam, já descartam a tarefa porque “dá muito trabalho”.
Pois é, amiguinho, não é só sentar e escrever qualquer coisa.
Brigada demais pela leitura! ❤️
tenho muita preguiça dessas pessoas que querem seguidores a todo custo, como se um número alto deles fosse a métrica mais relevante do universo. de que adianta tem 100 mil inscritos e ninguém ler o conteúdo, não comentar, não formar uma comunidade? o mais legal desse espaço, para mim, é a possibilidade não só de ler, mas de poder comentar, trocar impressões sobre os textos. likes vazios não dizem nada…
Exaaatamnete. Aqui a gente tá resgatando mais os áureos tempos dos blogs em que o que contava era a conversa que o post gerava. Fora que a galera ignora também que a maioria vai ler e nem comentar, apenas ficar pensando no conteúdo. Não dá pra metrificar o impacto total da coisa. Mas a galera ainda quer os números crescendo como se isso fosse algum indicativo de aprovação.
Enquanto eu lia, pensava "o urso do Pica-Pau vai aparecer, o urso do Pica-Pau vai aparecer", e meu sorriso explodiu quando eu finalmente vi ele ali no meio hahahahahahhaa. Todo dia eu me pergunto: "se não houvesse leitores, eu escreveria mesmo assim?". A resposta positiva, até o momento, é o que me mantém vivo. Texto excelente, concordo com cada linha.
Ahahahaha única imagem possível pra esse post! Obrigada demais por ler ❤️
Gostei muito do texto! Tenho a impressão de que todo mundo é “criador de conteúdo” hoje, alguns são mais conhecidos que os outros, mas acaba que todos querem um pedacinho da atenção do outro. O problema é que não existe tempo hábil pra todo mundo dar atenção pra todo mundo, como você mesma disse. Não dá pra alimentar a ilusão de que todo mundo vai ser considerado interessante, querido, assistido/ouvido…
Eu adoraria conseguir acompanhar as pessoas que eu sigo e nem elas eu consigo acompanhar, afinal, a vida continua acontecendo, não dá pra viver de ver conteúdo dos outros… enfim.
Me perdi um pouco no que eu estava dizendo, mas reitero: muito bom o texto!
Aaah obrigada demais! ❤️
"leia mais, escreva no seu tempo e tenha paciência."
não tem jeito. é isso.
Eu tô com sorte pq não tenho passado por esses posts dos coitadinhos sem assinantes. E olha que ando meio viciada aqui no notes (socorro). Só soube da reclamação por conta do texto da Sinay. Até então só via a galera dizer que era um alívio não ter que se preocupar com números. Pelo jeito o jogo virou.
Ah, a lógica do Instagram ainda não abandonou a galera. Tem muita gente querendo crescer instantaneamente aqui sem fazer o básico.
No alvo, Taize. No alvo.
Boa, Taize. Gosto de ler newsletters. Descubro gente e coisas legais, mas estou ficando aborrecido em descobrir histórias sem qualquer interesse para ninguém além do coitado/a que escreve sobre suas tristezas e draminhas como se fossem únicos no mundo. Tenho as minhas e preciso cuidar delas em tempo integral, e não serão likes que acabarão com elas. Essa pressa está nos matando e o excesso de informação inútil só nos afasta do que interessa. Não gosto de cancelar recebimentos, mas é muitas vezes é preciso. O que não é o seu caso!
❤️❤️❤️ valeu demais!
que honra ser um feat. na sua newsletter! e concordando, sem senso de comunidade e partilha, não formamos rede alguma! adorei (:
Amigo és uma das melhores newsletters que surgiu nos últimos tempos ❤️❤️❤️❤️
ruborizado ♥️
Tem mais um tipo de choro chato que me aparece muito. É de quem decide ter um filho e depois reclama de como é difícil escrever e ter uma carreira tendo que, ao mesmo tempo, cuidar de um bebê. A pessoa passa um ano se queixando de que não consegue se concentrar, não consegue mais dormir, que não consegue participar de feiras literárias e pinta o inferno que a vida se tornou. A gente quase fica com pena, mas aí a pessoa anuncia que teve outro filho e recomeça o choro tudo de novo.