sou meio vagabunda, mas sou boa pessoa #112
Pensando pensamentos sobre o que estamos fazendo aqui
Não sei como minha audiência aqui nessa newsletter anda consumindo o que escrevo. Se leem no e-mail, através de um link no Twitter ou Instagram, ou pelo app do Substack. Não sei se leem outras newsletters ou essa é a única que se dignam a abrir (e muito obrigada por isso!). Mas eu ando dando mais atenção para o conteúdo feito aqui do que para as outras redes sociais. E estou gostando de dedicar esse tempo a ler coisas com mais calma ao invés de pular de tweet em tweet a cada 2 segundos.
Em um dia qualquer da semana passada, fiquei tão entretida no app do Substack que me senti de volta aos tempos de blog, lendo comentários, deixando comentários, interagindo, procurando newsletters novas para seguir. Senti que essa uma hora que passei no app significou alguma coisa, que não foi um tempo perdido. Tá aí, é essa a internet que eu quero.
Isso não quer dizer que essa plataforma aqui seja uma maravilha, bem longe disso.
Logo me peguei vendo um tema muito comum sendo discutido entre as pessoas que sigo aqui, que é a questão da própria escrita. O fazer e estar nesse app. Como ter sucesso, como escrever bem e consistentemente. No fundo eu adoro esse tipo de troca de ideias, é legal ver que mais pessoas sentem as mesmas dificuldades com a escrita que eu sinto.
Só que aí parei pra pensar: tá me fazendo bem esse tanto de “dicas para escrever uma newsletter” que ando lendo? Ou dicas para escrever em geral? Não seria melhor eu ler o que a pessoa cria ao invés de me afundar em textos motivacionais para escritores? Não seria mais produtivo?
Parece que ler tanto sobre escrever fica aumentando a minha ansiedade, e no lugar de escrever de fato eu não estou fazendo absolutamente nada. Me lembrei desse post aqui da Vanessa Guedes sobre ficar se comparando com o coleguinha, e minha vontade de escrever foi pro beleléu. Eu olho pro lado e tem textos muito mais legais. Será que consigo fazer algo que chegue ao menos perto disso? Será que eu teria gente interessada a pagar pelo que eu escrevo?
E aí vem a outra coisa que me pega sobre isso aqui: o retorno financeiro. Acho muito legal que desde o começo o Substack incentiva você a criar conteúdo pago, uma plataforma que permite você monetizar o que faz diretamente. Gosto demais da ideia de ganhar um dinheirinho aqui. Mas até que ponto esse esquema se mantém viável, eu não sei. Porque tem muita gente legal escrevendo que eu gostaria de assinar, mas com 10 reais por mês pra cada newsletter, a conta fica mais alta do que a assinatura de um serviço de streaming. Não dá pra apoiar todo mundo que eu quero.
E se eu não consigo apoiar todos, quem é que pagaria pra ler isso aqui em meio a tantas outras newsletters? Eu fico muito dividida entre pensar que sim, eu poderia criar uma comunidade que paga pra ler o que escrevo e entre ter a certeza de que ninguém se interessaria em me ler se isso exigisse dinheiro. Porque quando a gente escreve, tem essas duas coisas se digladiando: a vontade de ser lida pelo maior número de pessoas e a vontade de ser remunerada. E envolvendo dinheiro, sei que a quantidade de leitores cairia drasticamente.
Meu sonho poder me sustentar escrevendo minhas coisas — porque na vida profissional já me sustento escrevendo há muito tempo, só que para os outros. O Substack meio que veio para tapar essa lacuna que tinha para quem gosta de produzir texto, mas toda hora reflito sobre a lógica das assinaturas. Se esse é o melhor modelo, ou se não seria mais interessante algum outro tipo de consumo aqui, como uma mensalidade que te permite escolher ler um número X de newsletters, e você escolhe qual seria a contemplada da vez. Sei lá, só viajando aqui no formato do negócio.
Enfim, pra finalizar: bate muito a insegurança sobre o que escrevo quando penso que talvez eu deveria estar cobrando por isso. Bate o medo de deixar de ser lida se eu colocar uma mensalidade de, sei lá, 10 reais aqui. É o movimento que vejo muitos criadores aqui dentro fazendo, mas eu ainda acho que, pra mim, ninguém pagaria. Não por não se interessarem, mas por já estarem assinando outras 5 ou 6 newsletters que, provavelmente, são bem melhores do que a minha.
Que bela autoestima, hein?
Dito isso, eu tenho aqui o esqueminha, por enquanto, de poderem contribuir com 10 reais, ou mais, ou menos, mantendo o conteúdo gratuito. Então, se você curte e acha que mereço esse apoio, é só ir em Manage Your Subscription e deixar sua contribuição. :)
Para ler
Uma questão comum aos adultos de hoje é como manter amigos e fazer novas amizades, e tivemos um episódio legal sobre isso no Ppkansada. Esse texto aqui do The Atlantic é uma boa leitura para pensar sobre isso também. Quando criança, era fácil pra gente fazer um amigo brincando no parquinho. Como adultos, não sabemos mais “brincar", jogar tempo fora, ter essa coisa infantil de apenas ir fazendo as coisas e conhecendo as pessoas. Enfim, achei interessante a reflexão.
Falando de redes sociais e o que estamos fazendo aqui, esse artigo da Business Insider fala sobre a “morte” das redes sociais que estão sendo substituídas pelos grupos de mensagem no Telegram ou WhatsApp. Quem hoje não faz parte de pelo menos um grupo de mensagem de algum criador de conteúdo que curte de verdade? O Instagram até fez essa coisa chatíssima de canal de transmissões, mas a questão toda é que a gente não quer um algoritmo tomando conta do que vemos, não. Talvez seja por isso que as pessoas estejam migrando, né…
Mais uma vez que me sinto obrigada a pedir pra vocês lerem a Marie, que semana passada falou sobre a trambicagem de Dora Figueiredo e da profissão influencer por si só. Influencer que não faz trambique não ganha dinheiro, infelizmente. Um belíssimo retrato dos tempos em que vivemos.
E quero também recomendar essa edição da news da Isadora Sinay, minha amiga pessoal, que fez uma belíssima reflexão sobre chegar aos 35 anos.
Outras dicas
Esse episódio do Hoje Tem, da Leila Germano, com a Laura Sabino e a Rebecca Gaia tem que ser visto por todos os homens que interagem comigo. A gente passa por tanta violência toda hora que meio que esquece como é, e ver elas falando sobre combater isso, dar nome aos problemas e aos causadores desses problemas, dá um medo mas também dá uma esperança de, quem sabe, a gente um dia não ter que ensinar mais ninguém a respeitar nossa existência.
Hwasa is back! Nossa diva sul-coreana lançou a música “I Love My Body” na última semana, amei demais toda a estética do clipe. E essa música veio bem no momento em que ela está sendo criticada imensamente na Coreia do Sul por causa das suas apresentações com coreografias “indecentes", segundo os virjões de lá. Pois saiba nossa gostosa que, se ela quiser, tem um quartinho pra ela aqui em casa, e no Brasil ela é ovacionada como a grande gostosa que ela é.
Eu dei gostosíssimas risadas ontem vendo o vídeo do Diva Depressão analisando os apartamentos reformados pela Doma Arquitetura. Reuniu os melhores memes desse caso ridículo.
Xepa do Engajamento
No Santa Reclamação de Cada Dia, recebi a reclamação da Victoria, demitida por uma chefe escrota após sequer ter sido treinada direito em sua função. Então temos mais um episódio pra reclamar de trabalho.
Na última Associação dos Sem Carisma, escrevi justamente sobre o caso reforma de Dora Figueiredo e a injustiça do universo ao dar asas pra cobra burra — e não pra cobra esperta, eu. Aliás, chegamos a 40 mil assinantes lá na Associação, e fico besta sempre que lembro disso. <3
Temos leitura nova no Clubize, e vai ser Os perigos de fumar na cama, da Mariana Enriquez (trad. de Elisa Menezes). Para participar da discussão do livro, é só assinar o clube de leitura por R$ 10
É isso, gente. Obrigada por ler meus desabafos até aqui.
Para encerrar, uma banheira (que no caso já existia aqui neste apartamento, diferente da jacuzzi da outra lá).
Beijos!
Eu, particularmente, me sinto muito melhor lendo newsletters aqui do que navegando no twitter. E tive essa mesma percepção: retornar ao mundo dos blogs. Leio coisas muito boas aqui e que não tem o desespero de viralizar, tal qual o tt. Por enquanto não assino nada, por questões financeiras mesmo.
oi taizze!, te acompanho desde as resenhas no blog e gostei muito desta edição! me senti contemplada na parte que você discute os modelos de assinaturas pagas. um modelo de assinatura coletiva, se possível, seria o ideal para quem lê bastante coisa. é importante ver gente falando que esses valores de apoio fazem diferença, sim, para as finanças das pessoas. porque se fosse fazer isso por conta teria que ficar revezando os apoios mensais ou periódicos para quem eu acompanho e tenho vontade de apoiar. resumindo, ainda não comecei a apoiar ninguém. mas aí fico pensando que esse modelo de assinatura coletiva teria que partir das próprias pessoas, se juntando, se organizando, aí viriam as tretas, meudeus, quem sabe o que poderia acontecer rs