sou meio vagabunda, mas sou boa pessoa #133
Olá, vagabunders!
Hoje teremos mais uma participação de leitores no Pergunte para a vagabunda, mas antes de irmos para a treta familiar da vez, quero avisar que amanhã, dia 29, às 7h, vai ficar disponível o podcast para assinantes pagos da newsletter.
Então se você quer ouvir eu falando por uma hora e meia sobre temas aleatórios (alerta de Fórmula 1, claro), é só se tornar um assinante pago. Quem assinar até o dia 29, aliás, paga apenas R$8 por mês (depois desse período, fica nos usuais R$10).
Agora vamos ao que interessa.
Decepcionar os pais
Mari: “Como lidar com o fato de entristecer/decepcionar seus pais por um posicionamento seu depois de uma vida inteira fazendo de tudo para não se indispor com ninguém (e, consequentemente, tendo problema de falar sobre os assuntos com as pessoas num geral)?”
Eu dei uma matutada sobre essa questão porque ela se aproxima muito do caso do último Pergunte para a vagabunda. Aquela coisa, né: não precisamos dever nada aos nossos pais. Porém, contudo, entretanto, nunca é assim tão fácil. Vou tentar ilustrar com um causo meu.
Meus pais nunca me cobraram muita coisa na vida. Alguns embates que tive com a minha mãe aconteceram só agora, eu adulta, mas também acho que posso ter me excedido na reação às preocupações dela — uma ariana falando com uma leonina com lua em Áries, risos. Então sinto que eu não tenho lá muito como entristecer ou decepcionar meus pais porque não botaram muita expectativa pra cima de mim. Mas mesmo assim eu sempre quis dar orgulho a eles. Sei lá como, é algo que sempre me pega pensar se eles se orgulham ou não de mim.
Só que desapontar seus pais é meio que inevitável, né? Com certeza minha mãe sentiu desapontamento quando viu que virei maconheira, e discutimos sobre isso, mas tentei deixar bem claro pra minha ela as minhas posições. Ela falou que não conseguia me “reconhecer", e só tive que responder que sim, mãe, eu não sou a mesma pessoa que saiu daí ainda adolescente. É óbvio que vamos pensar diferente e ir para caminhos diferentes depois de mais de 15 anos vivendo longe dela.
Depois dessa discussão, me bateu uma bad de que eu tinha desapontado minha mãe. Mas olhei pra traz, lembrei de como era a “Taize da mamãe” e pensei que realmente eu não tenho mais nada a ver com aquela pessoa, apesar de ainda guardar alguns resquícios dela. E isso é bom. Pode ter sido um momento de choque de realidade pra minha mãe, ainda mais porque ela é acostumada com a vida familiar onde todos permanecem os mesmos sempre — um comentário usual é “fulano ainda é igual quando era um piá". Mas eu ser diferente do que eu era antes mostra que eu cresci, que adquiri algum grau de amadurecimento e de independência, que aprendi a formar meus pensamentos e crenças por conta própria, não por imposição dos meus pais.
Talvez o que desapontou os seus pais tenha sido isso: você cresceu, você mudou, você “cortou o cordão umbilical", você parou de querer agradar, você desafiou o status quo da família. E aí, minha amiga, não tem jeito: a melhor maneira de lidar com esse terremoto é saber que o problema não é você nem os seus posicionamentos. O problema são seus pais que ainda te enxergam como uma extensão deles, e não como um indivíduo independente. Até eles entenderem isso, vai ter essa sensação de ter falhado, mas aí é problema deles que não perceberam que você cresceu.
Porque pra não desapontar, a gente precisa dar tudo de si para deixar o outro satisfeito, né? Se você cansou de ser aquela que concorda com tudo o que seus pais dizem e fazem, não tente voltar a agradar. E se eles realmente respeitam que você cresceu, eles logo superam esse desapontamento e todo mundo segue em frente. Mas ser quem você não é só pra deixar todo mundo feliz, aí complica.
Aliás, isso até me lembrou de fazer um breve comentário aqui: tô assistindo Renascer, e que saaaaaaco é o José Inocêncio toda hora dizendo que os filhos são péssimos porque não estão à altura moral dele. Realmente, se as pessoas fizessem terapia, não haveria história pra contar. E agora tá pra estrear mais uma novela que se chama, adivinha, Família é tudo, que consiste em gente que nem se fala mais tendo que viver junto pra ganhar uma herança da avó desaparecida — que com certeza vai reaparecer no fim da novela e revelar que fez todo esse plano para reaproximar a família. Ah vah, esse tipo de história me dá ranço.
Quem quiser ter sua questão analisada sem nenhum tipo de embasamento empírico por mim, é só mandar aqui no formulário do Pergunte para a vagabunda.
Dicas
É claro que a dica tem que ser assistir a 6ª temporada de Drive to survive na Netflix — e aqui quero deixar um MUITO OBRIGADA à Diana que me veio aqui em casa logar na sua conta para que eu tivesse legenda, tava foda entender a galera da Alpine falando francês. Como sempre, a nova leva de 10 episódios fala sobre os acontecimentos da Fórmula 1 do ano passado, com suas tretas de bastidores e um pouco do que rola na pista. Falei, inclusive, sobre o que achei dessa temporada no podcast dos vagabunders pagos (assina, vai). Aquela coisa: é divertido de assistir, mas passa longe do que realmente aconteceu nas corridas.
Aliás, amanhã já começa oficialmente a temporada 2024 da Fórmula 1. A primeira corrida vai ser no Bahrein, e por causa do Ramadã, essa etapa e a da Arábia Saudita serão disputadas aos sábados. Quem quiser entender a que pé estão as equipes, recomendo essa live do Grande Prêmio sobre o que esperar para essa nova temporada.
Eu adoro ficar vendo esses compilados de canais de K-Pop pra descobrir umas músicas novas, e esse aqui eu adorei e traduzi como K-POP PARA LOBAS.
Semana passada conversamos com a Tchulim sobre os limites da exposição da nossa vida na internet. Ficou uma conversa bem daora, ouve aí!
É isso! Espero que tenham curtido essa edição, e se não gostou, discorde aí no silêncio do seu lar, rs.
E para encerrar, uma foto de bicho.
Tchau!
Se a pessoa não decepcionou os pais, é pq não cresceu e está vivendo a vida deles.
Concordei com tudo, Taize, como sempre. Fiquei com uma curiosidade, com qual frequência você vê e fala com seus pais?
E o pior é quando esse medo de decepcionar migra para outras esferas da nossa vida como nos relacionamentos e no trabalho. Eterna sensação de precisar se justificar, de angústias mil. E assim, se reparar bem, tudo começa nos pais. Cada dia fazendo o exercício da Deborah Secco e tentar ser o melhor que consigo ser (ainda que isso decepcione os outros).