Vitrine Vagabunda #1
Coisas legais que estão chegando nas livrarias e outras dicas de entretenimento
Olá, vagabunders! Vou inaugurar esse espaço novo aqui na newsletter para falar dos livros que chegaram aqui em casa que eu acho que vocês podem gostar. Mas atenção: essa edição é apenas para vagabundos pagos.
Acho melhor fazer numa edição aqui do que postar nos notes, que não é tanta gente que usa. E aí fica mais um conteúdo para vocês que contribuem com esta newsletter.
Porém, hoje, a primeira edição será aberta pra geral. E acho que depois de um tempo eu libero os posts aqui para os demais inscritos. Mas para receber as novidades quentinhas, é só assinar por apenas R$10 por mês.
Vamos começar?
Vitrine Vagabunda
Noites insones, de Elizabeth Hardwick (Instante, tradução de Gisele Eberspächer)


Lançamento de fevereiro da Instante, é o primeiro livro de Hardwick traduzido aqui no Brasil, uma das autoras mais aclamadas do século XX. Hardwick foi uma das fundadoras da The New York Review of Books, era professora de escrita e tem uma obra vasta de ensaios, críticas e romances. Mas neste livro, escrito quando ela já tinha mais de 70 anos e publicado originalmente em 1979, ela faz um passeio pela memória em que figuram pessoais reais, como Billie Holiday, e lembranças que refletem seu relacionamento com o poeta Robert Lowell. É considerado, também, um precursor da autoficção. Mas diferente da senhora Annie Ernaux, Hardwick não é assim tão objetiva, tão direta. Suas memórias têm um viés poético, mais errático, em que ela vai desfiando as memórias sem seguir uma lógica exata.
Já li, achei bom, mas não aquela coisa “woooow” que senti com a Ernaux, por exemplo. Mas vale muito conhecer!
Notas de Anita, de Branca Lescher (Urutau)
Esse eu me interessei a ler porque o texto de orelha de Paula Novais Ferreira me pintou uma imagem muito clara dessa personagem: uma mulher irônica, debochada, sacana, e é desse tipo de personagem que gosto. Mas aí tem uma reclamação: lendo a orelha não dá pra se ter uma ideia clara do que essa história traz. O que entendi: que a narradora, Anita, vai falar das pessoas que encontra, contar a história de sua família, dos lugares que frequenta, com muita franqueza. Tá na lista pra ler.
O sombrio coração da inocência, de Débora Ferraz (DBA)


Débora Ferraz já ganhou o Prêmio Sesc e o Prêmio São Paulo de Literatura com Enquanto Deus não está olhando, que li lá quando lançou e amei — embora minha memória não consiga mais resgatar detalhes do livro, só sei que gostei bastante. A DBA lança agora O sombrio coração da inocência, que se passa no interior da Paraíba, nos anos 2000. 20 anos depois de duas irmãs adolescentes morrerem afogadas em um rio, Tito Limeira, um ex-colega delas e agora repórter investigativo, revisita o caso para entender o passado e fugir da vida familiar em João Pessoa. Pra isso, acaba parando em Norwich, na Inglaterra, para encontrar uma testemunha e possível suspeito do caso.
Quero ler muito por ter gostado do livro anterior da Débora, mas uma história de investigação é sempre bom, né?
Santo de casa, de Stefano Volp (Record)


Primeiro romance do Stefano Volp, esse livro é sobre três irmãos que se reúnem após a morte trágica de seu pai. Zé Maria era benquisto na cidade, e enquanto ela chora a sua morte, Alan, Alex, Betina e Rute, a esposa, lidam com as memórias do que esse homem foi para a vida deles, uma vida marcada por violência e opressão. Treta de família sempre rende boa literatura, ainda mais quando é para falar de um tema que atinge milhões de famílias por aí: a violência patriarcal.
O céu da selva, de Elaine Vilar Madruga (Instante, tradução de Marina Waquil)


E para encerrar, começou a pré-venda hoje do novo livro da Elaine Vilar Madruga, que já li e com certeza já é uma das melhores leituras desse ano. O céu da selva é uma fábula de horror: uma velha, suas duas filhas, um homem e uma dezena de “crias” vivem em uma fazenda no meio da mata. Alternando entre o ponto de vista de diversas personagens, vamos sabendo que coisas horrendas o lugar guarda. Pois para sobreviverem nesse mundo fictício, marcado por uma ditadura violenta, os moradores dessa fazenda devem oferecer sacrifícios para a selva, e esses sacrifícios são… Crianças.
A selva dá abrigo e alimento para essas pessoas, mas também exige a sua contribuição. E assim Elaine Vilar Madruga fala sobre a maternidade ao criar personagens que criam os filhos apenas para esse fim macabro. Se você leu Mariana Enriquez e gostou, vai amar com certeza esse livro, porque a autora não pega leve nas cenas de terror, não. Além de tudo, as personagens são muito bem construídas, todas umas grandes filhas da puta, mas que você não consegue parar de ler, de torcer a favor ou, no caso de Santa, torcer contra. Livraço bom demais.
Dicas além dos livros
Avenida Paulista: Da Consolação ao Paraíso (Teatro SESI-SP)
Esqueci de comentar nas indicações da última edição da newsletter aberta, e aproveito então para deixar essa dica aqui: fui ver a estreia no último sábado de Avenida Paulista: Da Consolação ao Paraíso, peça do Felipe Hirsch, que está no Teatro SESI-SP. A peça comemora os 20 anos de Avenida Dropsie e os 60 anos do teatro, e dessa vez traz representações de cenas cotidianas que acontecem aqui a duas quadras de casa.
O palco simula três andares do Conjunto Nacional e as calçadas da avenida, vemos isso e as pessoas por trás das janelas (e a banda também, o que achei muito legal). Não existe uma só história acontecendo, os diálogos são poucos, e a peça toda é composta por músicas originais escritas por Tulipa Ruiz, Jussara Marçal, Arnaldo Antunes e outros artistas.
Eu gostei bastante, você fica bem imerso no que tá rolando. Tem os momentos cômicos, tem os momentos apreensivos, e no texto tem personagens reais que Hirsch observou pela Paulista (como o Batman que vende maconha, o vendedor de “poção mágica", o próprio Fofão da Augusta).
E o rolê ainda é gratuito, tá? É só reservar o ingresso no portal do SESI.
Beleza Fatal (Max)
Dei play semana passada em Beleza Fatal e eu estou TOTALMENTE RAPHAEL MONTELIZADA. Que roteiro, meus amigos, que dramaturgia.
Beleza Fatal é a primeira novela da Max (dizem que rolam negociações para ela ser transmitida pela Band, veremos), e tem como protagonistas Camila Pitanga, Giovanna Antonelli e Camila Queiroz. A história, basicamente, é assim:
Lola (Pitanga) é dona dona da Lolaland, um centro de estética super badalado entre influencers e subcelebridades. Ela chegou nesse status depois de muito trambique e assassinatos, e Sofia (Queiroz) tem o plano de se vingar de Lola, culpada pela morte de sua mãe. Ela foi criada, depois de ficar órfão, por Elvira (Antonelli), que perdeu sua filha mais velha para uma cirurgia plástica mal-sucedida feita por dois médicos também trambiqueiros: Dr. Rog (Marcelo Serrado) e Benjamin (Caio Blat), que vem a ser o marido de Lola.
É história de vingança, é história de gente ruim fazendo de tudo para se dar bem, tem vilã caricata maravilhosa, tem mocinha esperta, o objetivo da trama é acertar as contas com o passado e não retratar apenas mais uma história de amor. É tudo o que eu precisava na teledramaturgia! Sem falar que tem muita putaria também, linguagem chula, reviravoltas bem feitas. Assim, puro entretenimento.
Então se você quer algo para ver no fim de semana, vai de Beleza Fatal.
Essas são as novidades da vez! Até a próxima Vitrine, e aceito sugestões também, viu? A gente acompanha o mercado, mas é tanta coisa que nem sempre eu vejo.
Tchau!
obrigado, eu tb sou meio vagabunda
Quando tinha esse tipo de vídeo no instagram eu me sentia feliz em estar naquela rede. Ainda bem que vc trouxe pra cá, fiquei contente!!!