sou meio vagabunda, mas sou boa pessoa #143
Estamos aqui porque o mundo já acabou várias vezes antes
Vivendo a extinção
Durante sua história nesse Sistema Solar, a Terra teve muitos habitantes. Do fundo do mar ao alto das montanhas, espécies e mais espécies passaram por aqui nesses 4,54 bilhões de anos de existência. Como pode, né, um pedacinho de rocha solto no Universo ter virado… isso.
A maioria dessas espécies não existe mais. Muitas delas viveram milhões e milhões de anos antes da gente, os homo sapiens, surgirmos. Na verdade, estamos aqui provavelmente porque essa galerinha deixou de existir nas várias extinções em massa que ocorreram. Se não fossem os gases tóxicos de erupções vulcânicas, os meteoros e as mudanças climáticas, se pá não teríamos gatos, cachorros, vacas e seres humanos. E sem seres humanos, não teríamos esse caos tenebroso em que vivemos agora, onde a galera acredita que a Terra é plana e que Luciano Huck tem algo de relevante a dizer sobre a política brasileira. Não haveria internet. Não haveria essa newsletter. Imagina só a paz — qualquer coisa sem internet me parece sinônimo de paz.
A extinção em massa é um tema que me fascina bastante. É a maior prova de que estamos à mercê dos caprichos do nosso planeta. Uma mudancinha atmosférica e pá: mais da metade das espécies mortas. Uma visitinha inesperada de um corpo celeste e pá: destruição e calamidade.
Isso aconteceu umas 5 vezes na Terra. Há 440 milhões de anos, ocorria a extinção do Ordoviciano-Siluriano, quando o planeta era habitado principalmente por animais marinhos e as plantas estavam começando a surgir na superfície. Dizem que a causa foram erupções vulcânicas no mar que liberaram gases tóxicos na água, causando o resfriamento no planeta e a morte de cerca de 85% das espécies. Uma coisinha sai do lugar, e o resto é afetado pela reação em cadeia da falta de alimento e condições salubres para a sobrevivência.
Pouco tempo depois (“pouco” na escala geológica, é bom frisar), foi a vez do período Devoniano passar por sua extinção em massa. Esse período se deu cerca de 370-360 milhões de anos atrás, quando nossos “irmãos” eram peixes primitivos, os primeiros tubarões, artrópodes, anfíbios, plantas e árvores gigantes que encheram a atmosfera de oxigênio, fazendo a vida explodir ainda mais. E aí acabou, e nem se sabe como.
Quem restou daquela época seguiu em frente, evoluindo e fazendo a roda da vida girar de novo. A vida terrestre se concentrava em um gigante continente, a Pangeia, que com seu clima desértico fez com que os répteis proliferassem bem. Só que aí, cerca de 250 milhões de anos atrás, foi a vez do período Permiano experimentar a grande morte: pode ter sido um asteróide, pode ter sido um vulcão, também não se sabe ao certo, só se sabe que 95% da vida foi dilacerada. Foi aí que os trilobites, que sobreviveram a todas as extinções anteriores, pereceu. Esse foi guerreiro.
Mas os répteis, insetos, peixes, anfíbios e plantas que sobreviveram a esse cataclisma começaram de novo. Foram 10 milhões de anos desde a última extinção para que os animais e as plantas voltassem com tudo e dessem início ao Triássico. Os vertebrados já estavam tacando o terror, e agora alguns tinham uma nova característica: ASAS! Os dinossauros foram surgindo meio acanhados, os primeiros mamíferos estavam evoluindo, o mar voltou a ficar cheio de peixão. Porém, você já sabe: acabou. Pangeia começou a se desintegrar, o clima mudou, e muito bichinho não curtiu essa nova dinâmica e morreu.
Quem se aproveitou muito dessa extinção foram eles: os dinossauros. Aí, galera, começou a putaria. Foram necessárias quatro extinções em massa para que os dinossauros dominassem a Terra, se tornando a espécie mais abundante desse planetinha. Sem essas quatro extinções anteriores, se pá não teríamos Jurassic Park. Mas aí veio ele, o meteoro. E é por causa disso que nós estamos aqui. Sem os dinossauros, foi a vez dos mamíferos dominarem tudo. E em algum momento no decorrer desses milhões de anos, dotaram a gente de consciência, fala, escrita, habilidades manuais. Éramos pobres coletores/caçadores que viviam em cavernas, e fomos nos juntando, e nos juntando, e criando comunidades cada vez maiores, e fomos criando leis pra organizar esse rolê, negócios para alimentar todo mundo, e chegamos aqui.
É 2024, existimos porque 5 extinções em massa abriram o caminho para que os seres humanos fossem a espécie dominante. Nos questionamos diariamente sobre nosso propósito aqui. Por que só a gente se comunica e vive desse jeito, ao invés de ficar de boa na lagoa como um sapo? Adquirimos habilidades absurdas, como construir prédios gigantes, escrever romances, viajar pelo espaço, fazer trends de dancinha. Criar um sistema econômico exploratório baseado em propriedade privada. Nossa consciência nos levou a inventar regras para um convívio harmonioso, e toda essa evolução nos transformou nos bichinhos ansiosos que somos hoje. E o que fazemos com isso? Começamos outra extinção! Por que se tudo vai acabar daqui a milhões de anos, como já aconteceu antes, por que não começar já?
Estamos vivendo no antropoceno, quer você queira ou não. Esse é o período em que nós estamos causando a extinção de milhares de espécies, seja pelo consumo predatório delas ou porque acabamos com seu habitat natural. Nem todas essas espécies extintas ficaram famosas como os dodôs das Ilhas Maurício. Tem muita coisa que destruímos em nem sabemos como. E como todas as outras extinções mostraram, basta uma pequena mudança para desencadear uma catástrofe sem precedentes. E não precisamos esperar pelo acaso de um asteróide chegar perto da Terra ou acordar um supervulcão adormecido: é só eleger as pessoas “certas” que o trabalho está feito.
Cinco extinções em massa, causadas por fenômenos naturais que não foram culpa de uma espécie qualquer que vivia aqui. Anfíbios, répteis, aves, insetos e peixes não desmataramm suas florestas para plantarem soja. Nem construíram fábricas, carros, aviões e seja lá mais o que que solta gases tóxicos no ar. Somos, hoje, 8 bilhões de indivíduos de uma espécie que explora tudo o que tem ao seu alcance para ter uma "vida confortável", então é claro que alguma merda iria acontecer. E parabéns, chegamos lá! A sexta extinção em massa só começou, e fazemos parte dela!
Você pode achar que ainda está de boas, que dá pra levar a vida leve porque uma enchente de grandes proporções ainda não atingiu a sua casa. É provável que nós, humanos, ainda possamos viver milhares de anos até que nossa espécie seja erradicada de vez — afinal, fazemos de tudo para sobreviver, vimos isso em inúmeras histórias apocalípticas, e extinções não acontecem do dia pra noite. Mas qual o sentido de querer sobreviver em condições que, ao que tudo indica, vão ficar cada vez mais adversas? Onde encontrar paz na existência quando o homo sapiens está fazendo de tudo para dar um fim a si mesmo e ao mundo como o conhecemos? Deixo essa questão aqui pra você.
O negócio é que já estamos dando lugar a uma nova espécie dominante. Espero que seja um pouco mais inteligente do que nós.
Agora as dicas
O texto de hoje foi inspirado pelos vídeos da Lindsay Nikole, que já indiquei aqui antes. Ela tá fazendo uma série de vídeos contando sobre toda a história da vida na Terra, e ontem eu tava vendo esse compilado da era Paleozóica. É tanto bicho doido, é tudo tão diferente de hoje, é tão doido saber que registros do que aconteceu milhões de anos atrás podem ser encontrados e analisados. Eu sempre piro demais nisso, no tipo de vida que poderíamos ter aqui se não fossem essas grandes extinções. Fica aqui a dica mais uma vez.
Nossos meninos do BTS deixaram o exército, tão chegando aos 30 anos e seguem entregando puro entretenimento. Lançou faz pouco tempo música nova do RM, “Come back to me", e amei demais. O clipe tá maravilhoso, se não me engano foi dirigido pelo cara que fez aquela série Treta. Olha que adulto!
Outro BTS que entregou foi o V, que em “Fri(end)s” faz uma baladinha sobre ter seus sentimentos confundidos pela amizade com tesão. O clipe também tá 10/10.
Pô, e a Bililish? Botei o novo álbum da Billie Eilish pra ouvir na academia e fiz meu treino concentradíssima na melancolia. A mais animadinha certamente é “Lunch”, a música do chá de você-sabe-o-quê.
Pronto, esteja entregue. E siga doando ou ajudando como puder o pessoal do Rio Grande do Sul, pois o negócio ainda tá calamitoso. A água tá baixando, e agora o pessoal tá vendo o tamanho do estrago, e muita gente tá precisando de ajuda. Lembrando que minha amiga, Lu Thomé, vem ajudando o pessoal dos abrigos a comprarem os itens de necessidade, vou deixar aqui o post dela para quem quiser contribuir:
Beijos, até semana que vem. Batista agradece pela audiência. <3
Gostei muito da imagem que cê fez representando todas as espécies... Ficou sensacional 😂😂😂
Essa Newsletter só entrega textos de altíssima qualidade... Amo muito!!!! (。♡‿♡。)
Tanto trabalho, tempo, destruição para, finalmente chegar no homem do colete laranja e sua lábia destrutiva...sei não.